Brasil e Política

Por Victor Rezende, Valor — São Paulo


A probabilidade de uma aceleração no ritmo de elevação da Selic diminuiu nos últimos dez dias, na esteira da comunicação do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, que falou sobre ir muito rápido no processo de aperto de juros, o que poderia gerar um risco de se passar do ponto e não ter tempo para avaliar a decisão. “Foi um sinal de que o BC está satisfeito com o ritmo atual de 1,5 ponto percentual. É um ritmo muito bom, não é algo pequeno. A Selic vai chegar a 9,25%, coisa que ninguém imaginava no começo do ano”, observa Fernando Fenolio, economista-chefe da WHG.

Para Fenolio, o BC também deve sinalizar uma nova elevação de 1,5 ponto nos juros em fevereiro e, a partir de março, começar a desacelerar o ritmo de alta dos juros, que terminarão o ciclo em 12% em maio, nas projeções da WHG. Entre os motivos listados pelo economista, estão a piora das expectativas de crescimento econômico em 2022 e em 2023 diante do processo de alta de juros. “Algumas coisas vão ajudar, como a agricultura, mas é um item que não é muito cíclico. Coisas mais cíclicas vão pesar e, em 2022, o PIB deve registrar contração de 0,1%. Em 2023, deve ficar entre -0,5% e zero.”

Na visão do economista-chefe da WHG, o cenário “muito ruim” que se desenha para a atividade econômica deve limitar o apetite do BC por acelerar ainda mais o ritmo, já que isso poderia causar uma recessão “ainda mais brutal” da economia. Fenolio aponta, assim, que a manutenção do ritmo de 1,5 ponto é o plano de voo mais adequado e ressalta que, a partir de março, será possível ver alguma desaceleração no ritmo de alta da Selic, já que a inflação deve começar a rodar em níveis um pouco mais baixos do que os observados recentemente.

“Quem está com a cabeça em aceleração é por causa das expectativas de inflação, mas várias coisas influenciam as projeções, não somente a política monetária. Não é um desafio ao BC que está sendo colocado. As expectativas são muito correlacionadas à inflação corrente e, como estamos no pior momento da inflação corrente, é natural que os agentes comecem a extrapolar isso para horizontes mais longos”, diz Fenolio. A WHG espera que a Selic termine o ciclo em 12% e que a inflação fique em 5% em 2022 e em 3,7% em 2023, acima, portanto, do centro da meta (3,25%).

“Existe um grau de incerteza enorme, mas marretar a Selic agora não vai influenciar as expectativas de 2023 e de 2024”, afirma Fenolio. O economista avalia que o mercado não consegue antecipar movimentos à frente que podem indicar uma inflação mais baixa. “A partir do momento em que a inflação desacelera e em que fica mais claro que a atividade está perdendo força, aí fica mais claro para os agentes para não ajustarem para cima as expectativas de inflação. É uma questão de tempo”, avalia o economista.

Conteúdo originalmente publicado pelo Valor PRO, serviço de notícias em tempo real do Valor Econômico

 — Foto: Getty Images
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